30.8.11

Meu querido anjo.

  Já tento mais uma vez te preencher de palavras que não entraram em meu vocabulário mas que são lindas, são muito lindas. Me deslumbram ao ponto do sorriso que se estende em imensidões de mim. E te digo mais: em milhões de mim, quando falo muito o que acho pouco comparado ao que sinto por você. Sutilidade a minha, claro, não preciso tornar a ser o que sou todos os dias para parecer mais nova do que ontem, ou bem mais velha do que hoje só porque o tempo passa rápido... Dessa vez, não é necessário palavras substanciais ou argumentos fatais para essa andança; para essa vivência. E já que é tão pouco o tempo que temos para tanto que somos, eu deixo as cores transformarem-se em outras de tantas misturas que fazemos na ansiedade de tua vinda, de semana à semana. Frescura ou doçura? Eu diria outra coisa.
  E sacrifico todas as formas em frases e textos mistos de redação, quando novamente distraio a ponta do lápis que te escreve e descreve de formas colossais, digo: de suas verdadeiras formas que queria dissertar para perto de mim. Me lembram teus desenhos que à noite me aparecem como sonho, desenhados em meu corpo tão errado e marcado, tu sabe, odeio quando tocas sem permissão e dizes que não interessa-lhe saber o que penso sobre isso, apenas sobre o que pensa sobre isso. E quando eu digo com a boca sorridente em cores, lápis e rabiscos de você que estou feliz agora... Eles não acreditam, não acreditam que me permiti ser feliz outra vez e nem me deixam mostrar que sou novamente. Aí grito dizendo que é verdade, que é tudo verdade, que não tenho pesadelos e durmo todas as noites depois que chegou. Mas não acreditam, mesmo assim eles não acreditam! Então choro, choro porque preciso mostrar pro mundo a magia que tu fazes com as mãos em minha cabeça quente dizendo: calma, é só a realidade menina, não te assustas que de noite já venho sem que tu percebas, e te cubro e tu sonhas como se nunca tivesse sonhado na vida. Como se tudo fosse novo e a mobília fosse nova e tudo estivesse arrumado. Sem as teias que odeio, sem a poeira que sufoca dentro da bagunça que nunca soube arrumar direito. Fecharei os olhos e nem lembrarei do que foi ontem, do que foi ano passado ou retrasado. Lembro apenas da vida que começou a dois meses atrás... De encontro ao ponto, tu lembra? Ah, não importa se não lembras... Ainda sei que a poeira me invade pela manhã, consigo vê-las na claridade do sol que de propósito deixei aparecer para esquentar o meu rosto, cansado de vaivéns da persiana camuflada em poeira e clarão. Contudo, também posso ver os pés que se formam entre elas; pés firmes no parapeito da janela com os dedos fincados na ponta do mármore imundo. Meu olhar ofuscado e curioso escala teus pêlos minúsculos e claros das pernas, que logo me permitem chegar à concavidade das tuas costas fundas de mal postura, repletas de pintas que parecem sorrir quando por fim, as enxergo e sorrio também. Elas parecem tão seguras quando envolvidas em forma de losango, por essas tuas asas surreais que arrastam-se pelo madeira desse cubículo e levantam toda poeira.. Bagunçando a bagunça, oh Deus! Já nem sufoco mais, viu? Aquieto o olhar e sossego, quando elas emitem um som indecifrável e lindo - me lembram até, o soprar do mar quando o vento sacode. Fazem aquele tilintar de sinos vindo do céu; como se chamam? Mensageiros-do-vento, é isso, tu és meu mensageiro do vento, que traz poeira e calor quando chegas com O tilintar, surgido no início da formação de tuas asas. Onde em plena manhã, pousam em minha sacada demonstrando imenso mistério quando não ouço mais tilintar nenhum, e fico à procura... Mas é perda de tempo: tua nuca ossuda o tampara. Essa nuca ossuda cheia de cachos. Os cachos mais escuros e lindos que vi, feitos à mão de tua natureza. Como pude nunca gostar de cachos? 
  A poeira logo abaixa e te enxergo já tão próximo, que deixo-me sufocar enquanto sou aquecida com o calor de tuas asas quentes do sol ofuscante em minha janela - tu abristes mais não é mesmo? Mas não fala, esquece. Que já nem me importo se perdi o sono quando me deparo com tuas asas cor de mel e limão-por-dentro que de tão lindas, não me deixam falar. Só me deslumbro ao ponto do sorriso que se entende em imensidões de mim desse dia, tão bom dia, que enquanto tu me dizes vou percebendo o sol, as nuvens e o cheiro do céu - essas coisinhas minúsculas que a gente nunca percebe e nem vê. Mas dessa vez vão tendo valor quando vou sendo inundada, preenchida por esse hálito de manhã que jamais senti igual na vida e que pra sempre quero sentir.. Para que eles possam sentir como perfume ao meu dizer de você, ao meu dizer das nuvens, do sol,  cada vez mais quente nos dias... Que consigam enxergar essa complexidade do teu ser dentro de mim. E é verdade, é pura verdade quando dizem que agora durmo todos os dias sem medicamentos ou sal na boca. Que minha canção de ninar é tua risada, tão bem projetada em meus ouvidos que mais parecem remédio para algum tipo de cura. Peço ajuda ao médicos se tudo isso for loucura mas será que eu poderia algum dia, em qualquer vida, voar com você?

2 comentários:

  1. ei, que lindo seu blog =))

    to seguindo aqui, segue o meu tb? *-*

    www.foiporquerer.blogspot.com

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  2. Céus , não mudaria uma vírgula sequer de lugar ! "Peço ajuda ao médicos se tudo isso for loucura mas será que eu poderia algum dia, em qualquer vida, voar com você?" é incrível como encontro a perfeição de cada pessoa em cada blog que leio. Lindo, lindo !

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