1.11.21

Semanas

 Do cheiro da manhã com sua pele ao calor do seu corpo à noite; sinto a coexistência de nós no mundo. 

Como Solange fica quando dorme em algo confortável, seu colo.

Do café com sabor exato e medido para mim, logo após eu te chamar perdida e vezes inconsciente, quando não sinto o cheiro que manhã mistura na sua pele, do meu lado. Aquela devagostenia.

Coisas comuns, rotineiras - que criam lacunas invisíveis na mente, prontas para serem acionadas e encherem de dor caso não as tenha. 

Me sinto engatilhada, ao pesar a mão sobre o seu peito enquanto você dorme e pensar que o que sustenta toda essa macroexistência de cheiros e beijos, toques, risos, choros, gemidos, gozos, orgasmos, pêlos, memórias - depende de um órgão? 

Queria sua imortalidade em cheio do meu peito, ter a certeza e a segurança que nunca mais deixarei de ver suas pálpebras imensas me olhando acalentamente. Mãos grandes demais para o corpo que cobrem minha safadeza e afagam meu corpo que só de perceber a presença: estremece.

Surruros que só eu posso traduzir, me encolho naquilo que não posso garantir para nenhum de nós dois. A vida. 

Elevo aos céus a proteção de nós pedindo tempo, muito tempo para os cheiros, os beijos, os toques, os risos, choros, gemidos, os gozos, orgasmos, os pelos, memórias.....você.

Ao amor que não preciso dizer, mas é tão grande em mim que vaza. 

Como a semana, que independente do que façamos, ela chega. 

Você vem pra mim.

Eu te amo assim, rotineiramente.

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