5.1.19

Ipanema

Dessa superficialidade talvez você não saiba. Quero te mostrar um pouco de mim que com palavras não consigo, pois me sufoco no imediato do agora e do que preciso dizer e não na profundeza do que realmente sinto. 
Eu penso demais, não acho palavras - não penso nada. E de certa forma sempre me acho meio tola, com falta do intelectual certo... Realmente me faltam palavras pra essa profundeza, já que sempre me perco em mim; há palavras desconhecidas para emoções até para os mais inteligentes? Ou realmente eu sou preguiçosa?
Nada do que digo parece ter sentido ou verdade, eu sei. Minto tanto que perco a racionalidade e isso sempre me deixou meio atrapalhada com quem sou e o que quero ser. Olha, nunca disse que não gosto de quem sou... Pelo contrário, me observo e me percebo tanto que acabo me irritando. Sabe quando você pensa em ser outra pessoa? Sempre me irritei quando não conseguia acompanhar suas histórias, suas falas - sempre me preocupei em guardar todas as memórias e te dar respostas em todo aquele meu pensamento acelerado que não conseguia e te machucava por isso. Acho que já posso falar de nós, não posso? Você só existe por mim, e dizer de mim traz à tona você. Quebramos o gelo.
Só voltei a escrever nessa profundeza de escritas, que parece bonito até, porém no fundo eu acredito ser um suspiro do ponto de quem é quem e porque nascem assim. Por que nasci assim? Só passei a nascer palavras porque mais uma vez parto-me em pedaços e direciono para quem ou o que quiser. Só escrevo quando estou triste e reflexiva e naquele ponto de torna-me outra.
É essa falta de medo de ser quem eu sou que me traz grandes problemas, essa culpa que carrego nas costas de não sei o que, onde me justifico sempre e peço desculpas pra mim. Tenho curiosidades sobre mim que sei que não descobrirei e isso me aterroriza. 
O tudo é o que me compõe, aprecio entender o meu redor e como ele se processa; como se adequar a ele. Até porque não se adequar também é um posicionamento, eu sempre andei esguia nos adequares da vida. Não limitada mas entendida até onde posso ir. Entendida dos meus medos, descobri que um dos meus maiores sempre foi a rejeição: como um animal desesperado, sempre fiz circo para platéia ao meu redor - antes que eles pensassem em me machucar, gostariam de me ver. Era minha chance. Assim fui levando as pessoas e relações, entretanto, tentar ser cansa. Estou em busca do leve.
Digo em busca pois ainda não estou. Encontro-me em um poseidon de pensamentos intrigantes sobre meus próximos passos, sobre minhas rés ; de tudo que deixarei para trás. 
Você está no entorno do que quero deixar para trás, mesmo não sabendo quem sou me entendo um pouco, e o medo de ser rejeitada sempre afastou as pessoas enquanto tentava aprofundá-las em mim, no encanto. Não sei quanto tempo dura, não sei porque ele existe mas você caiu nele. Mesmo não sabendo como conduzir, por não saber nada de mim e se encontrar essa nova coisa todos os dias. Essa mesma coisa que te escrevo perdida e sufocada, estou em busca de quem sou agora e não de ser rejeitada. Óbvio que tenho medo. 
Medo de tudo que deixei de ser e as tornei superficialidade: escrevo um pouco, sei um pouco sobre as coisas, faço rimas e consigo alcançar umas notas com meu canto, toco cabeças, invoco cores, cuido de animais nos finais de semana e feriados. Sei fazer tudo mas ao mesmo tempo sei nada, nunca tive interesse em me aprofundar com medo de ir demais e não saber voltar. Entende o meu desespero? Me aprofundo e recomeço todos os dias, basicamente.
Desespero de fome, não de perda de controle ... Tenho fome pela vida e pela felicidade, sempre acho que não estou aproveitando nada, porém sigo, é o único caminho que me resta e coragem eu tenho, meu bem. Controle do medo, não ausência dele. 
Tenho essa grandeza de emoções, sou uma mulher grande e ninguém me acompanha. Você se envolveria com algo não-humano? Tenho uma amiga psicóloga que diz que não podemos dar diagnósticos, mas eu não sou planetável. 
Não configurada, sem manuais e mesmo assim me deixei navegar em ti. Aprendi a nadar sozinha, tinha te contado isso já? E também sei boiar de lado. Furei todas as suas ondas e depois da vala fria, voltava à beira quente dos teus seios machos e pêludos sem medo de ficar queimada daquele jeito outra vez. O que sei de tudo isso, é que você não deve se sentir superior por um trecho de nosso amor aqui, nesse lugar que é meu. O que te escrevo e sinto, diz mais de mim do que de você, não entende que só está aqui porque plantei sua existência em mim? Só acredito naquilo que vejo e não te vejo mais. 
Só estou sendo mais uma vez.


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