3.12.11

Pelo vidro.

   Seu nome me veio a cabeça hoje, falei em voz alta algo que você dizia assim sem mais nem menos que me fazia rir, pouco ou muito não importava - era desconfortante a dor que se esgueirava no canto de meus lábios e sutilmente vazava, extravasava, gritava de alegria e felicidade exagerada. Seria estranho e realmente foi pensar em você depois de tanto caos, lágrimas cobrindo sorrisos e escurecendo a cor tão limpa dos dentes em algo cinza, negro, um pote de vidro cheio de nuvens carregadas de trovões e fortes tempestades. Não queria que fosse assim, mas quando pude evitar? Agora de fora, vendo toda a poeira de cigarro, pulmões podres, coração partido, mentiras cuspidas literalmente na cara pra tirar o seco da garganta - loucura eu penso, loucura não. Lucidez latejante.
  Até quando o amor, a unificação de intimidades, loucuras e solidão com amargura e felicidade é realmente isso? Se realmente for quero encontrar denominações, mas boas, não confusas como sempre parece ser. Um vazio de perguntas que não obterão respostas e que só magoam, que nos sugam esperanças, insônias, excessos de bebidas e cafés e vezes outros esquecimentos piores que não quero tentar. Se realmente for o que não é; eu quero ser, quero sentir o verdadeiro significado até o fim - quero poder conservar a iluminação de lábios e cáries, o teu molde de aparelho no canto da cama sorrindo pra mim quando o seu verdadeiro gargalhava no outro canto. Pudera isso ir embora? Talvez seja amargo e você não queira lembrar. Lembrar desencadeia tantas coisas à 7 chaves. Há vinte chaves de distância, blocos e portas desconhecidas - procurava uma com cheiro de gato. Gostava de encontrar e hoje odeio.
   Seu nome e todas as coisas que continham nele dentro da minha cabeça me vieram à tona hoje, e pensei que fosse culpa do vazio que anda me consumindo por dentro. Aí qualquer sentimentalismo valeria. E é verdade, há uma bagunça aqui por dentro. E com cada arrumação, vou percebendo que sujeira sou eu. Vou vendo o quanto sou difícil, o quanto sou chata, mesquinha infantil topetuda egoísta sarcástica e tudo de ruim. Sou tudo de ruim e nada me prova o contrário. Não me dou bem no local que moro, vou me dar bem onde? Lugar nenhum. É para lá que vou. Tirar esse peso da minha total existência daqui, eles querem me consertar mas eu sou peça única e sem valor. Apenas imagem com algumas marcações do tempo em que nasci vão se formando, e é essa a única coisa que lembram.
  O que posso fazer se não concordo com nada disso? Minha teimosia me deixa infeliz, eu sei. Nada faz sentido há não ser o que eu sinto, entende? O que não é pra ser, não vai ser pra mim... Me diga você que sempre usou essa prepotência bem: acha que estou errada em agir naturalmente? Você sabe que eu sempre fui assim e é por isso que as coisas dão erradas. Porque eu sou errada. Mas não é essa a questão, você me apareceu hoje aqui dentro. Quiça te vi em algum lugar e lembrei sei lá, faz tempo e nem sequer recordo a sua imagem. Não a que existe, mas a que existia pra mim e talvez eu esteja inventando tudo outra vez. Lucidez eu penso, lucidez não. Loucura. A verdade que eu não quero encarar é essa mesmo, queria te contar todas essas coisas que discorro agora, ouvir tuas pouquíssimas palavras e ficar bem. Eu quero ficar bem.

    "And all I know is that it feels like forever, when no one ever tells you that forever feels like home, sitting all alone inside your head.."

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