30.5.14

É esse caos que eu quero

Meus dedos com você, coçam.
No vocabulário de quem escreve, escutam isso claramente soando como "você me inspira" ou "eu gosto de você". Mas eu digo além, faz tanto tempo que eu tento dizer algo, que passa a ser um milagre lembrar que conheço tantas palavras ainda.
Meu dia é tão seu que não faz sentido dizer sobre ele; a não ser as partes que ainda não te dei.. Essas ainda conto. 
O que te conto hoje é que acordei puxando o lençol, procurando um espaço maior na cama que coubesse um abraço - e não achando, virei-me novamente e totalmente encolhida de um sentimento que chamo "sem nome" - falo assim porque nem defini o que sinto e pelo menos dessa vez, pela primeira vez, é confortável não estar denominando. Sem denominações e repleta desse misto de nossa despedida, que por incrível que pareça; dói como um adeus, fiquei imóvel pensando mais uma vez nessa rotina doida que me encaixo.
Sem querer, abandonei tantas coisas que me faziam pesar - mas lembrar disso no exato momento que tento abraçar a vontade de te ter ao meu lado quando acordo, me faz lembrar que já estou voando.
E eu não sei se essa total intensidade tem a ver com nossa total dependência de alguém que diga exatamente aquilo que precisamos ouvir ou sentir ou tocar - e se toda essa carência gera em nós a vontade imensa de fazer voluntariamente aquilo que involuntariamente precisamos. Ou se de fato, nossas identidades se atraíram por si só. Ou só é.
E ser não depende de nada, ser é aquilo que enxergamos sem precisar caçar onde não tem. E meu bem, você não imagina o quão bom é essa ideia de ser - como eu aprecio a descoberta por si só. Sem forçar, sem exigir, sem chorar. Apenas andar.
Estou andando na sua lateral, segurando sua mão no frio para te encorajar, erguendo seu rosto tão alto quando finge ser quem não é, e ao mesmo tempo tão pequeno quando exala timidez... Não imagino que você queira soltar e nem eu, é tão natural, tão igual e real. Na verdade, parece mais real do que nossa própria realidade, que o medo de soltar e deparar-se em uma dimensão ilusória é tão grande que você chega a apertar minha mão com mais força - pressiona o rosto ainda mais no meu pescoço e dessa vez, me olha.
Ah, seus olhos...Permite me falar dele? Esses olhos que revelam tanto do que ninguém vê, a pureza cheia de brilho, a timidez e o contorno perfeito de sinceridade em tom de preto - envolve essa cor que agora eu sei porque é mel.
Me encho de vontade de transformar o que escrevo em melodia para que você ouça e veja que não estou tentando nada e eu só queria dizer... Você já me disse que preciso tanto dizer, e o que hoje preenche minha boca além dos seus lábios, são palavras que em redundância definem você. E como disse e direi, você é aquilo que eu sou também - mesmo histórico, mesmo desejo, mesmo mesmo mesmo. E nessa linha tênue entre felicidade e o caos que te acompanha - eu fico na corda bamba rindo, como se o amanhã não viesse para nós e nunca fosse necessário pedir nada.. Só esconder daqueles que não aguentariam saber que eu me apaixonei pelo seu caos, que eu não assinei contrato nenhum e o divórcio não consegue dividir a gente. Eu não quero acordos também, eu quero me equilibrar em você - sei que assim, nenhuma parte de mim vai cair.
O teu caos junto ao meu, destrói tudo aquilo que pode nos machucar.. E assim eu te pergunto: há possibilidade de não acordar já querendo destruir o mundo? É esse caos que eu quero.


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