21.6.16

Renascimento

E eu achava que estava refazendo sua vida, que era eu a cura para seu comodismo, que era eu o refrão da música que anseias estourar nas rádios... Quando na verdade você me levou ao limbo e reformulou minha história, me trouxe vida dentro da minha vida fazendo com que agora, eu fique igual um cego perdido do seu cão-guia esperando novas direções para esse caminho que só você pode me levar desde o momento que só tornou dono dele e eu não sei cogitar um segundo dessa vida sem você; os vidros interiores se quebram e ferem quando não há sua presença e não é saudade que sinto pois é nesses momentos distantes que mastigo todos os cacos me sentindo falta - é o momento em que me torno inexistente. Assim como mariana se tornou após o rompimento das barragens, assim como ficou o Empate State em 11 de setembro: nada. 
E mesmo que eu tente escrever algo, a cada página que eu viro, existe um rabismo imenso de teu nome, eu viro e viro e viro essas 84 folhas e não encontro espaço para ser, mas para sermos - você é o atentato que destruiu meu caos, aquele livro do sebo que não consigo ler sem antes cheirar cada folha "porque você publicou em mim toda sua musicalidade e se alguém for embora eu não vou saber esquecer a melodia, o ritmo e o som." 
Porque eu não vou conseguir esquecer cada texto que li e te coloquei como feito pra você, porque eu não saberei existir num mundo que não seja com você. Já que você sou eu, na parte que eu nem sabia que existia em mim e que só descobri quando você limpou os pés no tapete da minha porta e nem pediu pra entrar, você tinha a chave e nem precisou usar porque tudo se abriu pra você. E tentar viver sem essa parte é como trancar tudo e acreditar que o universo se resume apenas em um e não existe vida fora da terra, é dizer que as constelações são miúdas só porque avistamos aqui de baixo. É desistir da paz mundial e em todas as formas de amor, compactando o eu te amo apenas a dois gêneros quando existem milhares, igual as cores que nossos olhos não vêem mas existem números, e desses números querer usar fórmulas para calcular plano inclinado.

É acreditar que dois corpos não ocupam o mesmo espaço quando você se habita, alastra, dissipa dentro da minha alma, do meu ser e do que não sou. É estar separado mas estar junto- meu corpo derrete na sua ausência e diminui a ponto de fragmentar-se dentro dessa espaço infinito, tornando-se partículas rarefeitas no universo que não conhecemos e que temos medo, e nesse mesmo universo eu digo que te amo tanto que não cabe em mim nem no mundo, que eu descobri nós e que não tenho medo de sermos essas partículas pequenas nesse universo medonho desde que seja com você.
Porque viver sem essa parte é matar a mim mesma e depois de ter renascido, eu não posso morrer outra vez.

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